sexta-feira, 26 de julho de 2013

TEXTOS NA ALFABETIZAÇÃO.


Várias pessoas encontram dificuldades em escrever e ler o que escreveram em publico, pois de acordo com Cagliari (2001), são raras as ocasiões em que se faz necessário ler em público um texto próprio ou ter que escrever um texto em público. A autora ainda afirma que esta dificuldade não deveria ocorrer pois as pessoas são consideradas “alfabetizadas”.
A dificuldade para escrever como afirma Cagliari (2001), não acontece apenas com as pessoas pouco escolarizadas ao escrever uma carta, por exemplo, mas também para aquelas pessoas que vão prestar um concurso, uma prova de redação para o vestibular, assim se nota que entre eles há uma grande dificuldade ainda. E a autora também afirma (p.62) que, “as dificuldades encontradas na produção de textos escritos são muito variadas”.
Cagliari aponta em seu texto que uma das possíveis explicações para haver dificuldades na escrita de texto é a maneira como a escola trata as produções, desde a alfabetização até o segundo grau. Na escola a autora aponta dois tipos de métodos para a concepção de um texto escrito: o método das cartilhas e uma livre deste método.
No capítulo a autora faz uma retomada de como é concebido um texto pela Linguística Textual. Afirmando que de acordo com alguns outros autores como Koch e Travaglia 1989, vão dizer que “é a coerência que transforma uma sequência de enunciados em um texto e que é “a coerência que confere textualidade ao texto”. A autora também destaca que “são raros os casos em que pode haver coerência sem que haja coesão, em um texto” (p.63). E também vai apontar que o mecanismo de coesão e coerência é o fator principal para o sucesso de um texto bem escrito ou também pode ser o motivo de fracasso.
A autora analisa textos escritos extraídos de cartilhas e produções de alfabetizando do ponto de vista da Linguística Textual sendo analisados os fatores de coerência e os mecanismos de coesão.
A partir dessa análise, pode-se perceber que é justamente na construção da coerência e da coesão (que se espera que um texto escolar possua) que alguns alunos sentem dificuldades, no momento de produzir seus textos”. (Cagliari, 2001, p. 64)
Ao entrar na escola Cagliari afirma que as crianças recebem cartilhas para fazerem cópias
dos textos contidos nelas, desse modo a criança aprende apenas um modelo de texto, que constituirá a escrita dos alunos, desse modo a autora afirma que, “em termos de sua coerência e coesão, fica bastante claro porque essas mesmas crianças apresentaram problemas sérios nas suas produções futuras”. (p.65)
Sendo assim, nota-se que os textos apresentam os seguintes problemas: mecanismos de coesão mal explorados apesar de presentes nos textos, sendo apenas coesão referencial e não de coesão sequencial.
Além de não explorar bem os mecanismos de coesão, a coerência desse texto não atinge um nível desejável. Uma vez que se propõe que não existe um texto incoerente em si mesmo, mas somente textos coerentes para determinados interlocutores, falantes de uma determinada língua, em uma determinada situação comunicativa, numa determinada época.” (Cagliari, 2001, p.67.)
Os textos são considerados fracos por ser um texto solto, descontextualizado, sem razão de ser. Não existe intenção comunicativa, objetivos, destinatários ou elementos de comunicação. Os textos analisados são também repetitivos, falta de adequação do conhecimento de mundo, dentre outros. A autora faz uma crítica a cartilha dizendo que “a coletânea de textos apresentados passa a ideia de que a coesão e coerência não são fatores necessários para a construção de um texto, assim se tem a ideia de que um texto é uma sequência de frases aleatórias, se encontra nesses textos apenas repetição, substituição por pronome e elipse.
Cagliari apresenta as seguintes hipóteses sobre os textos escritos dos alunos que ou as crianças não conhecem nenhum mecanismo de coerência e coesão e são poucos ensinados na escola ou eles conhecem esses mecanismos e a escola faz com que eles desaprendam. As crianças segunda a atora conhecem esses mecanismos, mas escrevem textos conforme o modelo da cartilha, que lhes é apresentado, não havendo uma forma de escrita livre.
Ao observar textos escritos por crianças que foram alfabetizadas por outros métodos sem ser o da cartilha vemos grandes diferenças, pois eles apresentam poucos problemas de coesão e coerência ao ser comparado com os textos escritos com os de alunos que foram alfabetizados pela cartilha, os textos apresentam coesão sequencial, que é ausente como já dito não texto da cartilha. O texto apresenta marca de tempo e espaço, existe personagens mais ou menos bem delineados, apresenta trechos que podem ser classificados.

“Assim sendo, o papel da escola deve ser apenas o de aperfeiçoar os conhecimentos dos alunos, já adquiridos quando aprender falar, ensinando como transportá-los para a linguagem escrita, que tem suas caraterísticas próprias (as quais devem ser também explicadas para os alunos), e colocando-os em contato com todo tipo de linguagem escrita, para que possam ampliar o seu repertório de mecanismos coesivos.” (Cagliari, 2001, p.82)

Diante disso e dos textos analisados neste capítulo vemos que de acordo com a autora que, “são poucos os problemas apresentados por alunos alfabetizados por outros métodos que não o da cartilha.” Sendo assim se conclui que a cartilha só ajuda na ortografia, por meio da decoração e não ajuda em nada na construção de um texto bem escrito.
Alguns professores trabalham com a criação de textos orais enunciados previamente para a produção de textos escritos. Desse modo a autora afirma que os textos nunca serão completamente incoerentes e pouco coesos, por que os falantes da língua já adquirem os mecanismos de coesão utilizados por ela na modalidade oral.
Cabe a escola apresentar aos seus alunos “desde a alfabetização, ás várias diferenças entre os textos orais e escritos” e acordo com Cagliari. A fala e a escrita possui características intrínsecas que vão afetar a construção de um texto nessas duas modalidades. A autora afirma também que, é “dever da escola mostrar aos alunos quais são os mecanismos coesivos próprios da escrita, pois este é um conhecimento que ele não traz de sua linguagem oral e também afirma que a leitura é a melhor maneira de adquirir esses conhecimentos e outros necessários.
Referencia:


CAGLIARI, Glades Massini. O TEXTO NA ALFABETIZAÇÃO, Coesão e Coerência. Capítulo 3 – PRODUÇÃO DE TEXTOS NA ALFABETIZAÇÃO (p. 61 a 91). Editora Marcado Letras Campinas - São Paulo, 2001.